ZANÓN É DOS TRABALHADORES
Depois de 9 anos de luta conseguimos arrancar a expropriação definitiva de nossa fábrica. Este caminho percorrido pelas operárias e operários de Zanón não teria sido possível sem antes ter tirado a burocracia sindical de nossas representações sindicais.
Primeiro, no ano de 1998 recuperamos nossa comissão interna para lutar contra as demissões, maus tratos, humilhações e por condições de segurança e higiene, contra a poli-funcionalidade, por nossos salários etc., mas sobre tudo para instaurar uma nova forma de trabalho: a democracia direta para depois no ano 2000 recuperar nosso sindicato e colocá-lo a serviço dos trabalhadores.
Depois de 9 anos de luta conseguimos arrancar a expropriação definitiva de nossa fábrica. Este caminho percorrido pelas operárias e operários de Zanón não teria sido possível sem antes ter tirado a burocracia sindical de nossas representações sindicais.
Primeiro, no ano de 1998 recuperamos nossa comissão interna para lutar contra as demissões, maus tratos, humilhações e por condições de segurança e higiene, contra a poli-funcionalidade, por nossos salários etc., mas sobre tudo para instaurar uma nova forma de trabalho: a democracia direta para depois no ano 2000 recuperar nosso sindicato e colocá-lo a serviço dos trabalhadores.
Nestes quase nove anos tem passado muita água por baixo da ponte. Valorizamos profundamente o apoio que temos recebido nestes anos de luta. Desde a comunidade de Centenário, Neuquén, Plottier etc, que ao final de 2001 nos apoiaram com doações de comidas ao acampamento em frente da fábrica que sustentamos durante 5 meses, até os detentos da Unidade no. 11 que se encontravam a alguns metros da fábrica e que durante 3 dias doaram suas comidas para que pudéssemos resistir.
Às mães da Praça de Maio – Regional Neuquén, que desde o primeiro dia nos adotaram como seus filhos e caminharam nas ruas junto conosco até a atualidade, resistindo junto a cada uma das 5 ordens de despejos, repressões, ameaças.
Aos companheiros e companheiras docentes de ATEN, companheiros da CTA Neuquén. E a solidariedade a nível nacional e internacional de companheiros que nunca conhecemos e que sabendo de nossa luta nos enviavam fundo de greve para resistir.
Também aprendemos a ser solidários com outros trabalhadores criando um Fundo de Greve permanente, pois sabemos que a coordenação é fundamental para o triunfo das lutas operárias. Desde os mineiros do Rio Turbio, Petroleiros de Las Heras, estatais e trabalhadores de fábricas de Neuquén e Rio Negro, Garrahan Subterráneos, Aeroviários, Ferroviários, até movimentos de trabalhadores desempregados de Tartagal e dezenas de fábricas recuperadas.
Desde o princípio abrimos a fábrica à comunidade, recebendo a milhares de crianças e adultos para que conheçam nossa experiência de luta.
Consolidamos a unidade operário-estudantil tanto com os jovens secundaristas como também com os companheiros universitários que tiveram e tem sua expressão no acordo de colaboração com a Universidade.
Realizamos festivais musicais sem a presença da polícia, com artistas regionais e grupos nacionais como La Renga, Attaque 77, Bersuit Vergarabat, León Gieco, Raly Barrionuevo, Dúo Coplanacus, dentre outros, que se solidarizaram com nossa luta deixando sua arte e solidariedade com as operárias e operários de Zanón, plasmado na comunidade de Neuquén.
Nossa luta sempre esteve baseada na prática da luta de classes, identificando os governos, as patronais e as burocracias sindicais como inimigos dos trabalhadores.
Esta experiência que construímos ao longo destes anos e com enorme consenso que tem nossa luta na província, a nível nacional e internacional pudemos mudar a posição política do governo estadual do MPN, e tiveram que apresentar e votar o projeto de lei de expropriação.
Consideramos que esta conquista que temos conseguido o conjunto da classe trabalhadora tem um valor enorme, que este governo que hoje vota pela expropriação de Zanón sob controle operário é a mesma que assassinou Teresa Rodríguez, o mesmo que reprimiu as operárias(os) de Zanón no final de 2001 e nos quis despejar 5 vezes, o mesmo que fuzilou e lhe tirou o olho a nosso companheiro ceramista Pepe Alveal na repressão do Bairro San Lorenzo, o mesmo que assassinou ao companheiro Carlos Fuentealba e o mesmo que hoje fala de paz social quando neste momento de crise econômica mundial os empresários e seus governos nos declaram a guerra com demissões, salários de fome, tarifas, etc.
As escolas e hospitais estão esgotados e a única obra que se fala é a construção de prisões para trancar nossos jovens, enquanto a cada dia morrem dezenas de famílias em incêndios de suas precárias casinhas nas favelas.
Por isso é que apesar da enorme conquista que temos conseguido, num contexto de crise econômica internacional, arrancando-lhes a expropriação a este governo, o que tem um valor muito maior, desde a gestão operaria de Zanón e o Sindicato Ceramista de Neuquén, estamos convencidos que nossa luta não terminou, por que como desde o primeiro dia consideramos que a salvação não é individual senão do conjunto da classe trabalhadora.
Companheiros e companheiras, a todos e todas os que de alguma forma tem sido parte, tem aportado seu grão de areia: compartilhamos a alegria deste grande passo!!
Aos companheiros que todavia olham desconfiados, talvez temerosos, talvez céticos, os convidamos a ser parte desta história que não é nem mais nem menos de aportar um grão de areia na transformação da realidade e retomar o sonho de nossos 30 mil companheiros desaparecidos durante a Ditadura Militar: uma sociedade sem exploradores nem explorados!!
ZANÓN É DO POVO!
Operárias e operários de Zanón – Sindicato Ceramista de Neuquén
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